EXPOSIÇÃO DE PINTURA Helena da Conceição Filipe Mendes
22 de março / Casa Família Oliveira Guimarães, Espinhal / 15H30
Vincent van Gogh (1830–1890); Wassily Kandinsky (1866–1944); Kasimir Malevich (1879-1935); Paul Klee (1879–1940); Juan Miró (1893-1983); Pablo Picasso (1881-1973); Antoine Mortier (1908-1999); Henry Michaux (1899-1984); David Hockney (1937); Maria de Lurdes Rodrigues (1957); José de Guimarães (1939).
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Quando frequentei os Cursos Livres de Pintura na Cooperativa Árvore, no Porto, fui trazendo para casa diversos catálogos de pintura (exposições a que ia), bem como livros de pintura, adquiridos em alfarrabistas e nas livrarias (...). Conversávamos acerca do que víamos, e refiro-me a um diálogo vivo, isto é, a um convívio dialógico fraterno, em torno da pintura. A minha mãe teve por esta via acesso às obras dos mais significativos pintores da história da arte, de diversas épocas, e interessou-se por muitos/muitas pintores/as. O seu gosto voltou-se especialmente para pintores modernistas, (abstracionistas, expressionistas, suprematistas, e um pouco para os surrealistas).
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Há, no entanto, um denominador comum a evidenciar: todos os pintores que a minha mãe elegeu de moto próprio, ou seja, arbitralmente, são almas livres, soberanas, tal como a propósito, a minha mãe foi e é.
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Relembro que os trabalhos presentes nesta exposição são reproduções de pinturas da autoria dos artistas devidamente mencionados na abertura deste texto. Foram feitas com alguma liberdade, mas principalmente com apurado critério e rigor. De igual modo, os trabalhos agora expostos, não foram de todo elaborados com intenção de expor, mas no âmbito de um processo existencial. Talvez devido a essa razão eles agora permanecem existentes e vivos apesar de expostos. (...) Os trabalhos foram escolhidos gentil e naturalmente, de modo independente, com alma, do mesmo modo que se escolhe uma flor do campo.
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Penso que a minha mãe pintou e pinta, para ser... “ou pelo menos tornar-se um indivíduo” como tão bem referiu Paul Klee ao refletir acerca da intenção da arte. É de Paul Klee a seguinte reflexão: “A arte não reproduz o que vemos, faz-nos ver.” Foi essa ânsia de individuar- se e de ver que guiou a minha mãe no ato de pintar.
João Filipe Mendes, in COR - Pintar de Cor, Exposição de Pintura: Helena da Conceição Filipe Mendes
Helena da Conceição Filipe Mendes é pintora autodidata com 82 anos de idade. Teve os seus primeiros contactos com as Artes muito cedo de forma intuitiva e livre e mais tarde com o bordado à máquina, a pintura em tecido e finalmente a pintura a óleo.
“Um vizinho produzia giz colorido num barracão. Eu saltava o muro e ia para junto de dois meninos da minha idade pintar com giz. Pintávamos as paredes do barracão, livremente, tardes a fio. (...) Sentia que era algo natural, o trabalho fluía, não usava regras, combinava as cores intuitivamente.” Helena Filipe Mendes